sábado, 3 de outubro de 2015






"O ponto de partida para o nosso Crônica de Anna Magdalena Bach era a ideia de tentar um filme no qual utilizaríamos a música não como acompanhamento, tampouco como narração, mas como uma matéria estética. Eu não tinha exatamente uma referência. Somente, talvez, como paralelo, o que Bresson fizera em Diário de um pároco da aldeia com o texto literário. Pode-se dizer, concretamente, que nós queríamos tentar levar a música à tela, mostrar, ao menos uma vez, a música àqueles que vão ao cinema. Paralelamente a esse aspecto, havia a vontade de mostrar uma história de amor, tal como ainda não conhecemos. 


Em Machorka-Muff, eu me servi da realidade para que a ficção, digamos, a sátira, se tornasse ainda mais realista; aqui eu quero, ao contrário, servir-me da realidade para que o aspecto fictício do filme se torne ainda mais evidente, de maneira que no fim tenhamos quase esquecido de que se trata de Bach. No fim, o filme será quase tanto um romance quanto Não Reconciliados mesmo - justamente porque eu me sirvo quase que exclusivamente da realidade."

Jean-Marie Straub - O Bachfilm

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Forty Guns (Samuel Fuller, 1957)


Faroeste de personagens assombrados pela morte e pelo envelhecimento; personagens como a de Barbara Stanwyck, loura de vestido preto (em provável luto sutil pelas correspondências do seu passado) que à medida que ganha anos matura-se – o perdão é para os grandes - e descobre que a juventude perdida lhe é essencial para o fim às magoas. Por isso a frase icônica ao final (“It’s very hard to forget the person we love, I know. But you have this in your favour: youth”) e a corrida apaixonada em busca de Griff, pistoleiro que assassinou seu irmão. Uso formidável do Scope.