sábado, 25 de outubro de 2014

Noites Brancas no Píer (Paul Vecchiali, 2014)


Da luz que se acende a pedido de Astrid Adverbe, a alumiar o cenário humilde para a dança que mana da música de seu Iphone, da onisciência de Fyodor – personagem e autor -, do marulhar das águas na escuridão, da opacidade dos pontos luminosos que compõe o fundo dos planos, da solidão de um sonhador por cujos devaneios perpassam amores, dores e incertezas, do choro ao píer que inaugura o romance e precede a tragédia, e da frontalidade com a qual lida com isto tudo Vecchiali opera um tipo de milagre, um sonho em filme.

E nos convida para compartilhar esse sonho que não é só seu, nem só de Dostoievski, mas também nosso – nós que nascemos e morremos pela dor de amar.

Portanto um filme profundamente doloroso e, acima de tudo, honesto.